Diabetes em crianças e adolescentes: desafios e diferenças

O gerenciamento do diabetes em crianças e adolescentes apresenta desafios únicos que diferem significativamente do tratamento em adultos. Este grupo etário está em constante crescimento e desenvolvimento, o que pode afetar tanto a fisiologia quanto a psicologia da doença e seu tratamento.

O diabetes em crianças e adolescentes pode ser mais difícil de controlar devido a vários fatores. As flutuações hormonais, especialmente durante a puberdade, podem afetar os níveis de glicose no sangue e tornar o diabetes mais imprevisível. Além disso, crianças e adolescentes estão aprendendo a assumir responsabilidades sobre sua saúde, o que pode ser uma carga adicional em uma fase já desafiadora da vida.

O que causa a diabetes em crianças e adolescentes?

Segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF), o Brasil é o terceiro país no mundo com crianças e jovens com diabetes tipo 1, são 92,3 mil casos na faixa de 0-19 anos. Somente atrás da Índia e EUA. O Brasil é o terceiro país no mundo com crianças e jovens com diabetes tipo 1, são 92,3 mil casos na faixa de 0-19 anos. Somente atrás da Índia e EUA. Já com diabetes tipo 2, o Brasil é o sexto país no mundo com número de pessoas com diabetes: são 15,7 milhões.

O diabetes tipo 1 é a forma mais comum da doença em crianças e adolescentes, quando o pâncreas é incapaz de produzir insulina: o hormônio responsável por regular os níveis de açúcar no sangue. Frequentemente desencadeado por um processo autoimune, o sistema imunológico da criança ataca por engano as células beta do pâncreas que produzem insulina.

Sabe-se que fatores genéticos influenciam muito nessa condição. Crianças e adolescentes com histórico familiar de diabetes tipo 1 têm um risco maior de desenvolver a doença. No entanto, fatores ambientais, como vírus, também podem desencadear o início da diabetes tipo 1 em indivíduos geneticamente predispostos.

Como se manifesta o diabetes tipo 2?

Por outro lado, a diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes está fortemente associada ao estilo de vida e fatores ambientais. Uma dieta desequilibrada, rica em açúcares e gorduras, combinada com a falta de atividade física, pode levar ao desenvolvimento de diabetes tipo 2. Esta forma está se tornando cada vez mais comum em crianças e adolescentes devido ao aumento das taxas de obesidade infantil, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).

Além disso, fatores genéticos, embora de maneira diferente da diabetes tipo 1, podem favorecer o seu desenvolvimento. Crianças com familiares próximos que têm diabetes tipo 2 podem ter uma predisposição genética para a doença, que pode ser exacerbada por fatores de estilo de vida não saudáveis.

Quais os sintomas em crianças e adolescentes

Os sintomas da diabetes em crianças podem incluir sede excessiva, fome frequente, perda de peso inexplicada, fadiga e visão embaçada. É vital que os pais estejam atentos a esses sinais e busquem orientação médica se suspeitarem de diabetes, pois o diagnóstico precoce e o tratamento são fundamentais para o controle eficaz da doença.

A prevenção da diabetes tipo 2 em crianças envolve a promoção de um estilo de vida saudável, com uma dieta balanceada e atividade física regular. Para crianças com diabetes tipo 1, embora a prevenção não seja possível, o manejo adequado através de monitoramento constante dos níveis de glicose e uso de insulina é essencial para manter uma qualidade de vida saudável.

Qual o risco em crianças e adolescentes?

Um dos maiores desafios é a adesão ao tratamento. Crianças e adolescentes podem ter dificuldade em entender a importância do monitoramento constante da glicose e da administração regular de insulina. Além disso, questões emocionais e comportamentais, como a negação da condição ou o desejo de se encaixar com os pares, podem interferir no gerenciamento do diabetes.

Para ajudar seu filho a lidar com o estigma associado ao diabetes, a abordagem precisa incluir educação, diálogo e apoio. Ao falar sobre a condição, destaque que ela não define sua identidade. É igualmente importante educar as pessoas ao redor: colegas e professores, para criar um ambiente de suporte e compreensão.

Além disso, ensine seu filho a se autoadvogar, expressando suas necessidades e direitos, especialmente em ambientes onde possa enfrentar mal-entendidos ou discriminação. Ajude-o a desenvolver suas habilidades e interesses fora do contexto do diabetes, o que pode desviar o foco da condição e construir confiança em outras áreas da vida.

Compartilhe histórias de pessoas que vivem com diabetes e que são bem-sucedidas em suas vidas, pois isso pode ser inspirador. Incentive seu filho a participar de atividades extracurriculares e hobbies, o que pode ajudar a construir amizades e reduzir o isolamento social.

Processo de cuidado participativo

Inclua seu filho no processo de cuidado, permitindo que ele participe das atividades relacionadas ao gerenciamento da condição, como verificar os níveis de glicose e escolher alimentos saudáveis. Estabeleça uma rotina diária que inclua alimentação saudável  e atividade física, o que pode ajudar a criança e o adolescente a entender a importância do gerenciamento do diabetes e a se sentir mais segura.

Encoraje conversas abertas sobre sentimentos e preocupações, e considere buscar o auxílio de um profissional especializado para oferecer suporte no apoio emocional. 

Demonstre uma atitude positiva em relação ao diabetes, mostrando como o gerenciamento pode resultar em uma vida saudável e ativa. Para isso, conte com o envolvimento de toda a família, pois fornece suporte emocional e ajuda a criança a se sentir menos isolada.

Celebre as pequenas vitórias no gerenciamento do diabetes, o que pode reforçar comportamentos positivos. Conectar-se com outras famílias e crianças que vivenciam o diabetes proporcionará uma valiosa sensação de comunidade e compreensão. 

Seis estratégias para a família

  1. Educação personalizada: Programas de educação em diabetes devem ser adaptados à idade e ao nível de compreensão da criança ou adolescente. Isso pode incluir jogos educativos, aplicativos e suporte online.
  2. Apoio psicossocial: O apoio emocional é tão importante quanto o tratamento médico. Ter acesso a psicólogos ou grupos de apoio pode ajudar os jovens a lidar com o estresse emocional associado ao diabetes.
  3. Tecnologia de monitoramento: Dispositivos de monitoramento contínuo de glicose e bombas de insulina podem simplificar o gerenciamento do diabetes e ajudar a manter um controle glicêmico mais estável.
  4. Envolvimento familiar: A família deve ser a base de apoio ao jovem com diabetes. A gestão eficaz muitas vezes requer uma equipe de apoio familiar ativa e informada.
  5. Adaptação ao estilo de vida: Mudanças na dieta e no exercício são fundamentais. Incentivar um estilo de vida saudável desde cedo pode ajudar a prevenir complicações e promover o bem-estar geral.
  6. Acompanhamento médico regular: Consultas regulares com um endocrinologista pediátrico podem ajudar a ajustar o tratamento conforme necessário e prevenir complicações.

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